A morfina é um alcalóide natural do ópio, que deprime o sistema nervoso central, e foi a primeira droga opiácea a ser produzida em 1803. Como poderoso analgésico, suas propriedades foram amplamente empregadas para tratar de feridos durante a Guerra Civil Americana, em meados do século passado. No final do conflito, 45 mil veteranos encontravam-se viciados em morfina, o que despertou na comunidade médica a certeza de que a droga era perigosa e altamente causadora de dependência. Mesmo assim, nos Estados Unidos, a morfina continuou sendo usada para tratar tosse, diarreia, cólicas menstruais e dores de dente, sendo vendida não só em farmácias, mas também em doceiras e até por reembolso postal. Em consequência, o número de viciados começou a crescer, e os riscos representados pela droga eram cada vez mais evidentes, o que fez com que os cientistas passassem a procurar um substituto seguro para a morfina.
Em 1898, nos laboratórios da Bayer, na Alemanha, surgiu o que se acreditou na época ser o substituto ideal: a diacetilmorfina, uma substância três vezes mais potente que a morfina. Devido a essa potência, considerada “heróica”, a Bayer decidiu baptizar oficialmente a nova substância com o nome de heroína.
A heroína foi aplicada em viciados em morfina, e os cientistas comprovaram que a droga aliviava os sintomas de abstinência dos morfinômanos.
Durante doze anos acreditou-se que a heroína poderia substituir, segura e eficazmente, a morfina. Além das doenças anteriormente “tratadas” pela morfina, a heroína também foi usada como remédio para a cura do alcoolismo. Por ironia, ficou provado que a heroína é ainda mais viciante do que a morfina, podendo criar dependência em apenas algumas semanas de uso. Em 1912, os Estados Unidos assinaram um tratado internacional visando acabar com o comércio de ópio no mundo inteiro. Por causa disso, dois anos mais tarde, o Congresso norte-americano aprovou uma lei que restringiu o uso de opiáceos, e, na mesma década, criou mecanismos judiciais que tornavam a heroína ilegal. Isso levou a uma situação peculiar: antes de 1914, muitas pessoas se haviam tornado viciadas em heroína consumindo a droga como remédio; a partir desse ano os dependentes eram transformados em marginais que precisavam recorrer ao mercado negro para obter a droga e evitar os dolorosos sintomas da síndrome de abstinência. Ao ser consumida (geralmente por injecção intravenosa), a heroína pode causar inicialmente náusea e acessos de vomito, mas à medida que o organismo se adapta aos efeitos da droga o usuário passa a sentir-se num estado de excitação e euforia, às vezes semelhante ao prazer sexual. Simultaneamente a droga induz sensações de paz, alívio e satisfação, que se desvanecem algum tempo depois. Como o efeito é relativamente breve (mais ou menos 60 minutos), o usuário é impelido a consumir nova dose de droga. Dentro de algum tempo de uso constante, ele sentirá necessidade de quantidades cada vez maiores de heroína, não para sentir prazer, mas simplesmente para evitar os terríveis sintomas da abstinência. O viciado em heroína torna-se apático, letárgico e obcecado pela droga, perdendo todo interesse pelo mundo que o cerca. Ficar sem a droga significa um verdadeiro inferno para ele, que passa a sentir dores atrozes, febres, delírios, suores frios, náusea, diarreia, tremores, depressão, perda de apetite, fraqueza, crises de choro, vertigens, etc.
Apesar de tudo isso, algumas teorias recentes sustentam que ninguém morre de overdose de heroína, já que testes em animais mostraram que não existe uma dose letal da droga. Afirma-se que uma dose de heroína pode ser mortal para um viciado em certas ocasiões, mas em outras não.
Essas teorias consideram que, nesses casos, não é a heroína a causa da morte, mas sim um efeito semelhante ao choque causado pela injecção de misturas de heroína com outras substâncias utilizadas para adulterar a droga vendida ilegalmente. Como se não bastassem os perigos da heroína, ela ainda é consumida em coquetéis conhecidos como speedballs, onde a droga é misturada com anfetaminas ou cocaína. Esta última mistura foi responsável pela morte do cantor e comediante John Belushi, em 1982.
Da mesma forma que a heroína foi descoberta como remédio para a morfina, outras substâncias vêm sendo pesquisadas para resolver o problema do vício em heroína. Uma delas é a metadona, uma mistura química sintética que alivia os sintomas de abstinência de heroína. Sintetizada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, a metadona é um opiáceo produzido em laboratório, pouco mais potente que a morfina. Ela é quase tão eficaz quando aplicada por via intravenosa. Doses adequadas de metadona podem durar até 24 horas, e por isso a droga vem sendo empregada, nos Estados Unidos, para tratar viciados em heroína. Seu uso é totalmente restrito a clínicas e hospitais que aplicam a metadona em pacientes dependentes de heroína, que precisam da droga para escapar dos sintomas da síndrome de abstinência. Entretanto, o viciado que não receber a sua dose também está sujeito a sofrer diarreia, suores, insónia, e dores de estômago, provocados pela falta da substância.
Ela também é considerada altamente viciante, mas não produz a euforia gerada pela heroína. A metadona não causa tolerância e, a medida que o tratamento vai evoluindo, o usuário pode reduzir paulatinamente as doses até livrar-se do vício.
Setembro 19th, 2010 em 02:42
Assunto bem explicado de modo geral mas pelo menos com tres grandes erros
!º é falso que o efeito da heroina dure apenas 60 minutos ,eu proprio fui viciado em heroina durante dez anos e ouve alturas que fazia consumos grandes e passadas mais de dez horas ainda sentia o seu efeito sem necessitar de nova dose .note que disse “fui viciado” e não , “fui toxicodependente” isto porque a nivel da medicina , tecnicamente, a toxicodependencia não tem cura.o que eu concordo plenamente pois em termos pcicologicos um toxicopedendente irá se-lo para o resto da vida. por exemplo: antes de eu saber o que era a heroina se a visse ignorava-a sem problema algum pois não sabia o que era a sustancia mas depois de alguem ser um viciado em heroina , nem que seja 50 anos depois do ultimo consumo, se estiver perto da substancia numa ocasiao que tambem permita o consumo será sempre complicado em lidar com a situação .acabamos por aprender a dizer não, mas é sempre um momento complicado , pois nunca temos uma reação de um não imediato mas analisamos sempre a situação sempre com as duas possibilidades em aberto (consumir ou não consumir???)felizmente conseguimos aprender a escolher sempre o caminho certo. é quase como se tivessemos sempre na situação classica de animação em que há um anjinho de um lado da cabeça e um diabinho no outro sempre a espicaçar.ou seja é eliminado um dos sintomas da doença mas os outros ficam para o resto da vida , insonias (há tres anos que não consigo dormir mais de uma hora seguida) e sempre em risco de que o que estado nervoso permanente evolua para uma psicose (doenca do foro psiciatrico em que o doente pode vir a sofrer de alucinações ,sonoras ,visuais e por vezes até ao nivel do tacto).
2º a metadona não é aplicada por via intravenosa .no proprio rotulo da embalagem do medicamento está impresso :NÂO INJECTAR,PERIGO DE MORTE. O tratamento com metadona é sempre feito por via oral.
3ºTambem é falso que não se possa morrer de uma overdose de heroina o que acontece é que não se consegue morrer de overdose de heroina se o consumo
for fumado , isto porque o viciado quando entra em estado de overdose adormeçe devido á sedação provocada , ou seja adormeçe devido a overdose mas antes de fumar uma quantidade mortal. se for por via intravenosa já é outra historia. Como qualquer tranquilizante o corpo humano tem um limite maximo admissivel , se a quantidade for superior a esse limite for injectada provoca mesmo a morte, depois de já estar lá dentro já não há nada a fazer.
Espero que a partilha da minha experiencia ajude todos os jovens a decidir nunca experimentar a substançia . Se ajudar apenas um ,já valeu apenas partilhar a minha historia. Quero tambem deixar aqui os meus eternos agradecimentos ao DR Ernesto Correia , à DRª Inês Correia e á DRªPatricia todos eles do Centro De saude de Benavente que foram as pessoas que mais fizeram para me ajudar a largar o vicio e tambem ao enfermeiro Lúcio do centro de saúde de Alcochete e a todos do C.A.T do Barreiro que através do tratamento com a metadona me ajudaram a dar o passo final para ficar fora do vicio e claro à minha Namorada por ter estado sempre a meu lado e fez sempre o que as pessoas mais chegadas devem fazer nestes casos .tal como neste grande comentario do artigo “O viciado em heroína torna-se apático, letárgico e obcecado pela droga, perdendo todo interesse pelo mundo que o cerca. Ficar sem a droga significa um verdadeiro inferno para ele” ela entendeu que repudiar e envergonhar só prejudica o toxicodependente no seu caminho de recuperação.Apesar da minha critica ao que considero estar errado , gostei muito do artigo
Mário Sena . Samouco