Habitualmente chama-se droga a toda a substância, susceptível ou não de aplicações médicas, que se usa (por auto-administração) para fins distintos dos que são legítimos em medicina, e que pode produzir uma modificação – fisiológica ou psíquica – no organismo humano.

As drogas produzem um estado físico ou psíquico que pode ser prazenteiro ou desagradável. No primeiro caso costumam levar progressivamente à necessidade de administrar doses mais elevadas, criando uma situação de “dependência” no consumidor.

A dependência é uma necessidade mais ou menos irresistível – de origem física ou psíquica ou ambas – de continuar a consumir a droga que a gerou. Manifesta-se de modo ostensivo quando se interrompe repentinamente a administração da droga, produzindo-se então aquilo que se conhece por “síndrome de abstinência”. As manifestações desse síndrome variam muito de uns sujeitos para outros (em função da idade, tolerância à droga, tipo de substância, etc.); em todos eles, no entanto, aparecem alterações psicopatológicas mais ou menos importantes e inclusivamente graves. A dependência é por vezes tão forte que o drogado se sente arrastado a empregar todos os meios, lícitos ou ilícitos, para satisfazer a necessidade que tem.

Na linguagem comum, designa-se por drogas leves a marijuana, o haxixe, anfetaminas e alguns analgésicos e tranquilizantes.

Formas de consumo de drogas

a) Uso esporádico.

É a administração da droga em dose única ou de forma esporádica, ocasional. Nestas condições, se se faz numa dose pequena, não costuma originar nenhuma predisposição ou necessidade de continuar a consumir a droga. Os efeitos que produz, quando é consumida por pessoas normais – coisa muito pouco frequente – são autocontroláveis, ainda que aqui há excepções na forma de resposta do sujeito. Mas não convém esquecer que o uso da droga está normalmente em relação com conflitos e dificuldades da personalidade e com problemas morais; é difícil que uma pessoa centrada na vida, equilibrada e com costumes sãos, caia neste desejo de experimentar o que sabe que com facilidade pode ter graves consequências. De qualquer modo, é preciso dar a conhecer o perigo que supõe iniciar-se no consumo destes produtos (por curiosidade ou desconhecimento dos seus efeitos) pensando falsamente que as drogas leves são inofensivas.

b) Uso habitual.

É o uso da droga de uma forma continuada. Não é fácil determinar o momento em que se passa da administração mais ou menos periódica ao uso continuado ou abuso da droga: depende das pessoas, das quantidades ingeridas e da periodicidade do uso e da composição das substâncias empregadas – questão esta impossível de conhecer na prática, dado o carácter clandestino do mercado.

Dado que o organismo se acostuma à droga, para que esta produza os seus efeitos é necessário que a sua administração se faça em doses maiores e com maior frequência. A este fenómeno chama-se “tolerância”: o organismo necessita progressivamente de uma dose maior – uma vez que se habituou a essa substância – para que o sujeito obtenha as mesmas sensações. O sujeito, em consequência, torna-se cada vez menos dono de si; a droga aumenta a sua tirania e está-se a caminho de passar a depender dela, com perigo próximo de intoxicação. Ou, pelo menos, de necessitar das drogas “duras”, que com rapidez levam à intoxicação. A medicina mostra que os efeitos da marijuana são graves, apesar da sua promoção como inócua (inclusivamente chegam a afirmar falsamente que é menos grave que o álcool e o tabaco).

c) Intoxicação.

É o estado de situação produzido pelo abuso da droga. As repercussões no organismo são muito graves, chegando a produzir a morte. Não se pode esquecer a potenciação dos seus efeitos com álcool, barbitúricos e outras drogas.

Efeitos das drogas leves

Os efeitos produzidos por diferentes drogas leves são parecidos. Por isso são enumerados conjuntamente.

a) Uso esporádico.

Os efeitos que produz a administração da droga em doses “normais” (não altas) e quando esta se toma em dose única ou sem chegar ao abuso são:

– Estado de ânimo: num primeiro momento, sensação de bem-estar; facilidade de expressão verbal; e mudanças qualitativas nas capacidades perceptivas e sensoriais. Depois, quando se passa o momento eufórico, depressão psíquica; disforia; fadiga.

– Capacidade de trabalho: maior rendimento naqueles sujeitos que quando a tomam se encontram sem fadiga; exaltação ou inibição de certas destrezas psicomotoras; reduz a fadiga e a insónia.

– Sexualidade: aumento da sensibilidade, particularmente nas mulheres, inicialmente, mas seguida de embotamento, apatia, frigidez. Se a dose é alta, nos homens pode produzir impotência. Aumento da fantasia.

– Audição: reduz a agudeza auditiva.

– Sistema cardio-vascular: taquicardia; subida da tensão arterial; vasoconstrição periférica.

– Irrigação cerebral: vasoconstrição das artérias cerebrais.

É interessante destacar que o uso esporádico de drogas leves costuma apresentar-se sob o pretexto de se pôr em forma. Na realidade, o que muitas vezes se oculta sob este pretexto é uma depressão leve ou certas crises de ansiedade e desespero perante as frustrações de cada dia, que o sujeito tolera muito mal. No entanto, não se valorizam do ponto de vista moral os efeitos da apatia, da depressão psíquica, a diminuição da capacidade de concentração, os riscos de incorrer em pecados de luxúria, não só pelo efeito afrodisíaco de algumas delas, como pela obnubilação de consciência que produzem.

b) Uso habitual.

Os efeitos que produz o uso habitual da droga são os seguintes:

– Estado de ânimo: diminuição da tolerância ao efeito eufórico. Disforia crescente: ânimo deprimido; irritabilidade; suspicácia; fobias; apatia. Mudança busca até psicose paranóide.

– Rendimento: diminuição progressiva do rendimento. Diminuição da memória e da capacidade de concentração.

– Estado vigil: reduz a sensação de fadiga durante os estados de privação do sono.

– Sexualidade: gradual redução da excitabilidade sexual nos homens: tendência à impotência. Hiperexcitabilidade ou frigidez sexual nas mulheres, segundo os casos.

Como consequência, tende-se a aumentar a dose e a periodicidade no consumo da droga a fim de conseguir os efeitos (no fundo – dizem – são só ’sensações’) próprios do estado de euforia motivados pela sua administração. As pessoas que se encontram nesta situação, tendem a infravalorizar os aspectos negativos que foram assinalados, apoiando-se nos comentários doutros iniciados, que lhe tornam muito difícil escapar a essa dependência.

Não deve omitir-se, entre os efeitos, a desorganização considerável da estrutura da personalidade que submete a inteligência à servidão das chamadas ’sensações’, nem sempre prazenteiras, e aniquila a capacidade motivadora de qualquer valor ou ideal, tornando impossível viver a virtude da temperança e outras virtudes.

c) Intoxicação:

– Psicose paranóide: alucinações auditivas e visuais. Delírio paranóide sem estado confusional. Grande estado de ansiedade. Impulsividade. Agressividade. Actos homicidas.

– Conduta estereotipada: actos compulsivos de tipo repetitivo, descuidando o próprio corpo, ingerindo um único tipo de alimentos, etc.

– Síndrome coreico: hipotonia muscular nas extremidades. Movimentos involuntários faciais, de mãos, cabeça (rotação, flexão, extensão).

– Síndrome de excitação: quadro de excitação psicomotora acompanhado de aumento de pressão sanguínea. Taquicardia. Hipertermia. Dilatação pupilar. Pele pálida e fria. Evolução a um quadro letal por colapso circulatório, etc.

– Síndrome disautonómico: grande ansiedade. Taquicardia motora. Pele pálida. Náuseas; vómitos. Convulsões generalizadas. Coma. Choque cardiovascular.

– Acidentes cerebrovasculares: hemorragia cerebral. Cefaleia intensa. Hemiparestesia. Hemiparesia.

– Condutas desajustadas e anti-sociais: o uso habitual da drogas leves bloqueia a nível do sistema nervoso a relação que articula os nossos actos com as suas consequências. O que antes era uma fonte motivadora, transforma-se agora em indiferença. Inclusivamente, após seis meses ou um ano sem consumir estas substâncias, o “indiferentismo”, a apatia, o aborrecimento persistem. Nada apetece e nada satisfaz. É muito difícil que algum trabalho se destaque como uma tarefa com sentido, gratificadora ou que minimamente satisfaça. As condutas desajustadas e socialmente desadaptadas ou anti-sociais costumam ser uma constante neste período de desabituação, que pode prolongar-se durante um ou vários anos.


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Comentários

  1. 1
    Yasmin
    Junho 1st, 2010 em 16:16

    Olá. Sou da Editora Confraria Caminho e a pouco lançamos um livro que ensina as pessoas a pararem de fumar, as que desejam, é claro. E gostaria de fazer nossa divulgação com vocês. Seria bem interessante, se vocês quiserem fazer uma entrevista com o autor do livro, ou qualquer outra divulgação estamos abertos.
    Aguardo contato.

  2. 2
    António
    Abril 18th, 2011 em 21:12

    Boas.
    O vosso artigo está errado! A Marijuana, Cannabis, não é perigosa em si, perigoso são as pessoas que a consomem e por consequência se tornam dependentes dela, porque o seu estado psíquico nunca foi bom, e as drogas leves foi como um “click” para um desenrolar de acontecimentos negativos.
    Vocês têm noção de quanta gente morre por causa do álcool e pelo tabaco? Vocês querem um vício mais estúpido do que o vício do tabaco? Querem uma vida mais inútil que uma vida de um alcoólico? É só meterem os números na mesa para reestruturarem o vosso pseudo-artigo todo de novo.
    E agora para me chegar à frente, não sou nenhum drogado, fumo pontualmente em festas, festivais, alturas que ache por bem comemorar, e nem sei onde me colocar na divisão que fizeram(Esporadicamente(uma vez), habitualmente(quase sempre),intoxicado(sempre)), porque não tem nada a ver, conheço pessoas que fumam diariamente e são pessoas bem sucedidas na vida.
    Informem-se, estudem, sejam razoáveis, humildes e tentem de novo. Acredito e sei que há pessoas que pioram suas vidas por causa da cannabis, mas sei também que proporciona SAUDAVELMENTE e SOCIALMENTE óptimos momentos a todos, para não falar do facto que também é usada para a cura de algumas doenças.

  3. 3
    Ana
    Agosto 2nd, 2011 em 15:52

    “(inclusivamente chegam a afirmar falsamente que é menos grave que o álcool e o tabaco).”
    Não sei se é mais grave ou não, mas nunca ouvi falar que um Homem chegou a casa e bateu na mulher porque estava “mocado”. O Álcool é que gera violência.

  4. 4
    maria
    Agosto 8th, 2011 em 13:27

    Eu acredito em tudo o que li pois realmente é verdade dificil é crer acreditar. Pois convivi com muitas pessoas dependentes disso umas com perfil pessimo outras parecendo abslutamente normais mas um dia tudo acaba uns seguem uma vida outros outra uns morrem outros sobrevivem e outros ate casam e tem filhos e outros continuam na má vida mas o que nao sabem é que essas pessoas ficam com mazelas como diz em cima “interessante destacar que o uso esporádico de drogas leves costuma apresentar-se sob o pretexto de se pôr em forma. Na realidade, o que muitas vezes se oculta sob este pretexto é uma depressão leve ou certas crises de ansiedade e desespero perante as frustrações de cada dia, que o sujeito tolera muito mal. No entanto, não se valorizam do ponto de vista moral os efeitos da apatia, da depressão psíquica, a diminuição da capacidade de concentração, os riscos de incorrer em pecados de luxúria, não só pelo efeito afrodisíaco de algumas delas, como pela obnubilação de consciência que produzem.”As pessoas que se encontram nesta situação, tendem a infravalorizar os aspectos negativos que foram assinalados, apoiando-se nos comentários doutros iniciados, que lhe tornam muito difícil escapar a essa dependência.” Acredito que nem todos reagem da mesma forma mas isso será uma percentagem minima. E de muitos conhecimentos que tenho está ai uma frustraçao que nunca mais acaba.

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