Heroína continua a manchar os números da droga.

O consumo de drogas está a diminuir entre os mais jovens, apesar do aumento registado relativamente à população em geral. Um aumento que o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) atribui a um efeito estatístico que acaba por cobrir a tendência de estabilização do fenómeno em Portugal.

Estas conclusões derivam do Inquérito em Meio Escolar 2006 e do Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoactivas na População Portuguesa 2007, ontem apresentado em Évora pelo presidente do IDT, João Goulão, e pelo secretário de Estado da Saúde Manuel Pizarro.

Comparando com os dados do último inquérito nacional, em 2001, a percentagem de pessoas que já consumiu droga pelo menos uma vez ao longo da vida subiu de 7,8% para 11,7%. Isto porque aqueles que, em 2001, tinham mais de 58 anos e revelavam um consumo zero – o que fazia descer a média de consumo – saíram do âmbito do inquérito. Trata-se de uma geração que, na sua juventude, não teve acesso a uma cultura de consumo de drogas. Em contrapartida, os que na altura tinham entre nove e 14 anos “e já correspondem a uma geração com mais probabilidade de acesso” a essa cultura entraram para a amostra e fizeram subir a média.

Estes números não se reflectem, contudo, nos consumos regulares e recentes, esses em estabilização para quase todas as substâncias, tanto na escola como na população em geral.

No entanto, os inquéritos revelam uma diminuição do consumo entre os mais novos em meio escolar, a prevalência (pelo menos um consumo ao longo da vida) desceu de 14% para 11% no 3º ciclo do básico e de 28% para 22% no secundário. Apenas subiu a experiência (mas não o consumo regular) com inalantes/solventes (cola e gasolina), provavelmente por serem “de fácil acesso”, analisa João Goulão. No que toca à população em geral, “há um decréscimo da prevalência do consumo de droga entre os 15 e os 19 anos”, contra um aumento “relevante” entre 20 e 24 anos – o tal grupo que junta os que eram mais novos em 2001.

São números que, para o IDT, apontam uma tendência que, a confirmar-se nos próximos anos, “significará que 2000-2001 pode ter sido o ponto de viragem na evolução do fenómeno do consumo de drogas, por corresponder à geração de jovens (então no grupo etário dos 15-24 anos e actualmente no grupo dos 20-34 anos) onde, até agora, foram encontradas as maiores percentagens de consumidores”.

Avaliando os consumos recentes ou regulares (últimos 12 meses e últimos 30 dias), são assumidos por 2,5% da população, exactamente como aconteceu em 2001. Subiu, contudo, o consumo regular da cocaína (0,1% para 0,3%) e da heroína (0,1% para 0,2%).

Portugal mantém-se ainda assim, nos valores de consumo mais baixos da Europa. Já a prevalência do uso de heroína em Portugal (que subiu de 0,7% para 1,1% da população assumindo que a experimentou pelo menos uma vez) continua a ser das mais elevadas na Europa. Apesar de reconhecer um padrão de consumo “exagerado”, Manuel Pizarro fez questão de desmontar o dado a melhoria do tratamento dos consumidores desta droga evitou infecções e mortes prematuras, uma sobrevivência que “aumenta o índice de prevalência”.

A cannabis continua à frente das substâncias consumidas – o seu uso pelo menos uma vez ao longo da vida subiu de 7,6% para 11,7% na população em geral (numa amostra de 15 mil inquiridos); no entanto, o consumo regular manteve-se nos 2,4% dos inquiridos.

* Com agência Lusa



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