A única clínica de recuperação e tratamento da toxicodependência (CRTT) existente no distrito de Viseu, inaugurada em Julho do ano passado, em Carregal do Sal, corre o risco de fechar as portas sem praticamente ter funcionado.

O problema não está na falta de condições físicas, técnicas e humanas do investimento privado, superior a 1,5 milhões de euros (sem contar os equipamentos), mas na ausência de um protocolo com o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), que ajude a viabilizar a unidade através da comparticipação da estadia de utentes sem recursos.

“Não há nenhum compromisso assinado entre nós e o IDT. O que houve, desde o início, foram palavras de estímulo e de incentivo no sentido de virmos a ser uma unidade convencionada. O que nos permitiria tratar e recuperar, a custo zero, os cidadãos mais necessitados”, explicou Rui Cerdeira, administrador do CRTT.

O empresário assume que o empreendedorismo privado tem riscos que os promotores devem assumir, mas reconhece que sem o segmento dos utentes convencionados é difícil manter a estrutura.

“O tratamento e a recuperação de pessoas dependentes de drogas, álcool ou tabaco é muito cara. Em média, fica em 2000 euros por mês. É aqui que reside a importância de termos uma convenção com o IDT, que nos permita receber pelo menos os utentes em listas de espera nos Centros de Atendimento de Toxicodependentes (CAT)”, declara Rui Cerdeira.

O empresário recorda que o CRTT começou a ser idealizado há meia dúzia de anos e contou, desde a primeira hora, com o apoio das organizações públicas.

“Fizemos uma candidatura e fomos apoiados na compra de equipamentos pelo Programa Saúde XXI. O IDT licenciou a unidade e sempre nos acalentou a expectativa de virmos a ser uma clínica convencionada”.

À medida que o tempo passa, com atendimentos “residuais” de utentes, Rui Cerdeira reconhece que a clínica pode fechar sem nunca ter funcionado em pleno.

“Escrevi ao IDT e fui informado que o processo aguarda ‘luz verde’ do Ministério da Saúde. Não sei se poderemos esperar mais tempo. Um dos nossos sócios já foi embora, face a esta situação insustentável, e eu poderei fazer o mesmo. Será com tristeza que fecharemos as portas”, avisa.

O presidente da Câmara de Carregal do Sal, Atílio Nunes, está preocupado. “O responsável do IDT, João Goulão, esteve na inauguração e prometeu que iria estabelecer uma convenção com a clínica. Já lhe escrevi a lembrar a promessa”, disse ao JN.

Localizada em Travanca de S. Tomé, no centro de Carregal do Sal, a clínica de recuperação e tratamento de dependentes de drogas tem capacidade para receber 38 pessoas em regime de internamento 13 na unidade de desabituação e 25 da comunidade terapêutica.

O JN contactou o IDT no sentido de saber em que ponto se encontra o processo. Dificuldades no contacto telefónico com o vogal do conselho directivo, Manuel Cardoso, adiaram a informação.

Fonte: JN



Comentários

  1. 1
    Adelaide Maria
    Outubro 14th, 2008 em 16:00

    Como é possivel internar um jovem adicto na zona de lisboa, consumidor de haxixe, que neste momento ja se iniciou no pequeno trafico, sem pagar a exorbitancia de 7.000 euros e sem aturar as ” entendidas psicologas” dos CAT, em que tudo não passa de uma fase.
    Digam-me onde posso ir por favor

  2. 2
    Ricardo
    Novembro 5th, 2017 em 09:50

    Interessante

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